O corpo de "Nino" Vieira, assassinado esta manhã,
foi retirado da residência oficial do presidente da Guiné Bissau,
debaixo de disparos de militares que cercam a casa.
A esposa de Nino Vieira, Isabella, terá sido
retirada, com vida, para uma embaixada estrangeira. O ataque à casa do
Presidente guineense aconteceu poucas horas após o Chefe de
Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié, ter morrido num
atentado à bomba contra o quartel-general guineense.
Forças militares atacaram a residência oficial do Presidente da
Guiné-Bissau, Nino Vieira, tendo o chefe de Estado sido morto às
primeiras horas da manhã, parecendo tratar-se de um acto de retaliação
pelo atentado mortal, na véspera, contra o chefe de estado-maior das
Forças Armadas do país.
Em declarações à AFP, Zamora Induta disse que Nino Vieira foi
“morto pelo exército quando tentava fugir” de sua casa, tendo sido
“varrido por balas disparadas pelos soldados”.
O ataque ao chefe de Estado guineense, que ocorreu às 4h00 da
madrugada locais (a mesma hora em Portugal), foi conduzido por “um
grupo de militares próximo do chefe de estado-maior das Forças Armadas
de Bissau, Tagmé Na Waié”, precisou ainda aquele responsável militar,
apontando Nino Vieira como um dos responsáveis pela morte de Tagmé”.
O general Tagmé Na Waié morrera na noite de domingo, sucumbindo aos
ferimentos sofridos num atentado à bomba ao quartel-general das Forças
Armadas em Bissau. O número um militar guineense – crítico feroz de
Nino Vieira – afirmara, em Janeiro passado, ter escapado a uma
tentativa de assassinato, da qual responsabilizou directamente o clã
presidencial. Disse então que o queriam “liquidar”.
Nino Vieira, de 69 anos – e quase 23 à frente dos destinos do país
–, disse há três meses ter sido alvo de um ataque conduzido durante a
noite por um grupo de militares, durante o qual morreram dois membros
da sua guarda presidencial. Fora reeleito em 2005, nove anos depois do
fim da guerra civil (1998-1999) que o afastara do poder. Tagmé Na Waié,
de resto, integrara a junta militar que pusera então termo à liderança
de Nino Vieira.
Testemunhas ouvidas pela AFP relatavam que a residência oficial do
Presidente da Guiné-Bissau estava esta manhã a ser alvo de pilhagens.
“Vimos militares tiravam de lá de dentro tudo quanto podiam, os seus
bens pessoais, mobiliário, tudo”, era narrado.
A noite de ontem para hoje em Bissau foi marcada, de resto, por
constante violência, desde o anúncio da morte de Tagmé Na Waié. Tiros
de armas automáticas e disparos de rockets repetiram-se ao longo de
toda a noite e pela madrugada dentro, em diferentes locais da capital
guineeense – sobretudo em redor do quartel-general das Forças Armadas e
na zona da residência oficial do Presidente.
fonte: Notícias Lusófonas
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