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Portugal em Linha - O Ponto de Encontro da Lusofonia

Esta semana...

18.09.2001
Cimeira Luso(?) Brasileira
"Guterres é um dos grandes líderes mundiais e o mundo seria mais justo se tivesse mais líderes como ele". Assim termitou a V Cimeira Luso-Brasileira pela boca de Fernando Henrique Cardoso.
E de resto? De palpável? Falou-se muito sobre o crime de Fortaleza, da troca de presos e das relações entre a UE e o Mercosul e assinaram-se meia dúzia de acordos de cooperação económica e política...
Será que as relações entre a Pátria a língua portuguesa e o país onde mais se fala o português não mereciam mais?
Carlos Mário Alexandrino da SilvaCarlos Mário Alexandrino da Silva

O tema que nos foi proposto é bastante sugestivo, mas aqui no Brasil aparentemente pouca repercussão teve essa tal "cimeira", noticiada apenas por alguns grandes diários, em especial o Estado de S.Paulo com uma ou outra fotografia e uma breve legenda ou em páginas interiores através de noticiários pouco desenvolvidos a que não foi dado grande relevo; acontecimento esse que a nós, colônia portuguesa, apesar dos louváveis esforços do Consulado Geral de Portugal em São Paulo, pareceu praticamente irrelevante ou até ignorado nos grandes e não poucos jornais de TV e nas estações de radiodifusão, com excepção, como é natural, da TV Cultura, dependente do governo do Estado de São Paulo. E, claro, na radiodifusão de Brasília que difunde o noticiário oficial...

Lembramo-nos de ter lido, mas no apreciado Jornal Digital dirigido no Brasil pela sempre atenta jornalista brasileira Eulália Moreno, que o presidente FHC no fecho das reuniões de trabalho que teve com o primeiro-ministro socialista português quis obsequiá-lo com uma generosa referência, dizendo: "Guterres é um dos grandes líderes mundiais e o mundo seria mais justo se tivesse mais líderes como ele." Claro que esse piropo não passou de solidariedade sentimental uma vez que, sendo o senhor António Guterres chefe do governo de um país que desde 74 não passa, na escala dos territorialmente mais inexpressivos, de liliputiano parceiro da EU não encontra, portanto, aquela aura imperial que outrora tinha, embora nesse tempo fosse muito criticado o seu governo e até condenado por muitos... invejosos e por alguns poderosos adversários ideológicos capitaneados pela então super-potência denominada URSS. Com franqueza, franquezinha, cá dentro das nossas portas "lusófonas" (?!) hemos de reconhecer que seria estultícia, bobagem mesmo, sem negarmos certos méritos do sr. Guterres como engenheiro e até como político não profissional que realmente procura cumprir o melhor que consegue, conquanto muito mal rodeado ( ele próprio já fez sentir este seu fracasso num dos recentes desabafos) mas sem dúvida bem intencionado, tomar a sério que seu papel e sua acção no cenário político internacional mereçam o destaque que lhes foi atribuído pelo colega brasileiro, este também nos últimos tempos, tal como Guterres em Portugal, algo desfavorecido nas pesquisas de opinião pública apesar dos esforços que vem fazendo para superar seu crítico correligionário Mário Soares (co-autor, com FHC, de um livro sobre globalização editado em Portugal...) e se redimir das acusações de brandura para com a corrupção, a violência urbana e a criminalidade, de protecionismo aos banqueiros e investidores externos, de alienação do patrimônio nacional através de uma politica acelerada de privatização de empresas estatais e de haver engodado o confiante eleitorado, para ganhar a eleição e a reeleição, apregoando como milagre sem recidiva o famigerado plano Real, sobretudo quando hoje não há dúvida de que não houve jamais tanto desempregado e tanta miséria e tanata violência como as que estão se registando no Brasil de hoje onde vivemos, nós, os cidadãos ordeiros e decentes, dentro de casas com portas de ferro e janelas gradeadas. Isto sem falar na assustadora e imparável (mesmo quando não corre no resto do mundo) desvalorização da moeda interna- o Real a partir de Janeiro de 1999, que até então ao par hoje nos mostra CADA DOLAR US CUSTANDO A BAGATELA DE ...DOIS REAIS E SETENTA CENTAVOS !!! Mas não em proveito dos trabalhadores mais humildes e sim dos grandes exportadores, dos banqueiros, dos investidores e importadores ianques, espanhóis e portugueses, estes à frente dos demais estrangeiros. Notou-se que uma das preocupações do chefe do governo português foi com a visita ao norte e com a situação do coitadinho (que até tem medo de ir para Portugal porque diz à mídia brasileira que ali vai ser assassinado no cárcere!) multicriminoso Luís Guerreiro a quem o próprio Pai considerou que merece a pena capital, se acaso ela existisse no Brasil (e devia existir...) ou em Portugal... O "bonzinho" Guerreiro, um hediondo facínora, deve ir cumprir na sua "pátria" (?!) a pena a que for condenado no Brasil e como aqui há o acúmulo de penas em função dos crimes e em Portugal não (a pena aí até foi reduzida e o mais repugnante criminoso a curto prazo, se mostrar bom comportamento na "jaula", obtém perdão e é... "reintegrado"(?) na sociedade enquanto os ossos de suas víctimas , há muito descarnados, continuarão jazendo nos fundos do sepulcro até à ETERNIDADE!!! Viva o aburguesado e pacifista sucialismo (desculpem, enganei-me grafando com u e é com o, não é?)...

Ora bem: o que seria de esperar é que o senhor primeiro-ministro "lusitano" ( o que a nível da totalidade da população desse retângulo peninsular historicamente inexiste como tal...) é que o ilustre personagem houvesse ao menos abordado platonicamente o assunto "lusofonia"... numa breve reunião com a mídia! Mas não, que nos conste nada disso aconteceu!!!

Voltando aos panegíricos: É bem conhecida a tendência do chefe de governo e de estado brasileiro de receber com rasgados elogios, adjetivados em grau superlativo, os seus colegas estrangeiros, emoldurando com requintes de cortesia a tradicional hospitalidade do Planalto. Nesse aspecto parece ter-se inspirado em Tony Blair que interessado em sugar lucros para a loira Albion a partir da mão-de-obra barata brasileira e comprar baratinho bens de consumo essenciais aqui produzidos, também fez uma visitinha bonita a Brasília e teceu encômios, classificando a FHC do mesmo jeito que este pouco depois fez ao chefe do executivo "lusitano". No ano retrasado já tinham estreitado relações, à revelia do consócio Mário Soares, quando o senhor Guterres foi curtir umas gostosas férias numa rica fazenda do Pantanal Matogrossense sendo ali acompanhado, num fim de semana, pelo presidente brasileiro e pela primeira dama, conforme referimos em crónica editada pelo Portugal em Linha nessa ocasião. E agora, FHC até emprestou ao chefe do executivo do país "papai", para sua deslocação ao norte do Brasil, a aeronave presidencial recentemente adquirida para substituição do "sucatão" -como lhe chamavam-. Vá lá que não havia nenhum sujeito das brigadas internacionais 055, do milionário terrorista Osamar bin Laden, que também estão no Brasil, incumbido de sequestrar a aeronave de sexa presidente brasileiro, porque o Brasil foi bonzinho para com o Iraque, tem fornecido engenhos mortíferos, aeronaves e material de guerra sofisticado a ditaduras africanas e árabes estando também nas mais fraternas relações com Bush e com o ditador cubano Fidel Castro que até mereceu uma peregrinação a Havana de várias centenas de petistas encabeçados pelo futuro presidente Lula ao santuário comunista do "grande comandante de Sierra Maestra"... que ali choram de "emoção" por estarem perante tão "bravo" personagem, filho de espanhóis das ilhas Canária.

A mídia portuguesa, na verdade ignorada no Brasil (onde a não ser a minúscula imprensa periódica da colônia portuguesa e o Jornal Digital (agencia PNN) e Portugal em Linha nenhum jornal ou emissora de TV ou de Radio aceitam noticias que não venham da EFE, da REUTER, da ASSOCIATED PRESS, da FRANCE PRESS, da DPA, do The New York Times, da Agência ESTADO, da chinesinha HSIN-HUA e às vezes, raras, da ANGOP do... MPLA, jamais se encontrando uma da Agência Noticiosa LUSA. O Jornal Digital, esse sim, noticiou com oportunidade os resultados das reuniões da infra-vermelha CIMEIRA BRASIL-PORTUGAL, mormente no que tange aos acordos de cooperação entre os dois países de língua"irmã", igualdade de direitos civis e políticos dos cidadãos de ambas as partes (que há longos anos vínhamos já usufruindo no Brasil!), reconhecimento de diplomas e profissões, aliás já existente desde os fins da década de 1960!, troca de presos, cooperação econômica e relações de "negócios" entre o Mercosul e a EU. Parece que tudo ficou quase (será quase?) circunscrito ao plano das relações de interesses materiais, direitos( em que as víctimas não contam ...) dos...criminosos em matéria de local e tempo de cumprimento de penas e regalias sócio-profissionais e acadêmicas que no Brasil já eram respeitadas ao contrário do que vinha acontecendo em Portugal.

Do que veio a público, parece que se avançou pouco em relação aos acordos que já vinham de antanho, dos tempos das ditaduras militar brasileira e clerical salazarista portuguesa que, em abono da verdade, tiveram a seu crédito o benefício das iniciativas ou aspirações de tais entrosamentos fraternos em fins da década de 60. Porém, também desta feita não se avançou praticamente nada no que diz respeito à unificação lingüística apesar dos esforços que se diz estarem sendo desenvolvidos pela tão badalada CPLP... presidida pela "progressista" senhora Dulce Pereira, ora mais conhecida por Dona Dulce Mercedes 340SL devido ao seu sumptuoso (...suntuoso) veículo germânico Mercedes ao que parece 340 SL... de alto preço, adquirido por alturas da visita entusiástica feita ao "lusófono" presidente angolano, que militou até há poucos anos na mesma linha ideológica da secretária executiva da CPLP. Seria de esperar que esta ilustre executiva fizesse um pronunciamento também agora, por ocasião da cimeira - com "c" minúsculo-, havida em Brasília nos idos de Setembro..- Uma bela oportunidade perdida, senhora Dulce, uma bela oportunidade desperdiçada... Mas a "lusofonia" já esperou tanto tempo que poderá continuar aguardando mais uns tempos, não é verdade? Coisas feitas às pressas não ficam bem feitas, não é assim? Vamos, confiantes, continuar aguardando... lusopacientemente...

Talvez que tudo isto não passe de "fofoca" pois mesmo em política, nos tempos em que estamos vivendo, o que importa são os "negócios": quem manda mais nesta opereta cômica da Globalização sob o comando onipotente (omnipotente) dos 7+1 é a economia e não a "fala"... E quanto áquele aspecto, Portugal está de novo lucrando (conforme sua vocação histórica...) muito no Brasil onde já se credita como terceiro maior investidor de capitais, seguindo na cola da (e em sociedade com a...) Espanha... Isso parece ter sido evidenciado, com incontida satisfação, pelo chefe do governo "lusitano", decerto empresário no seu passado profissional, ou pelo menos alto executivo conforme deixam transparecer seus profundos conhecimentos da arte de globalizar negócios, embora menos atento a problemas de cultura e língua de origem "portuguesa", aquela tal língua comum que seria a "verdadeira pátria" no poético dizer do grande Fernando Pessoa...

Meus caros Fernando Cruz Gomes e Antônio Ribeiro: O que vocês querem que eu escreva sobre essa questão da LÍNGUA "PORTUGUESA" e a por vós falada CIMEIRA BRASIL-PORTUGAL que uniu em presença e espírito, lá no Palácio do Planalto, ambos os GRANDES CONDOTTIERE DA POLITICA (ou apenas da POLITICA ECONÔMICA?!) dos dois países "irmãos" (ou filho... primogênito musculoso e robusto - o Brasil- e papai ranzinza, de palito nos dentes descansando numa das comissuras labiais, papai que já foi gordão e luzidio, mais respeitado então do que hoje mas mal aproveitado ou até inaproveitado, agora magrinho, conquanto mais do que antes (será mesmo?!) inexplicavelmente abarrotado de talentos cerebrais e de dobrões de ouro ( que não provém da... derrama) sobrando. Sim, isto é verdadeiro, mas parece que no meio da grande ilusão está ficando bom para uns poucos e fisicamente enfezado para a maioria aí na "santa terrinha", prenúncio de caducidade mas mesmo assim sempre avarento, escondendo o aforro por sob o colchão, que não é ortopédico certamente, não vá algum rapinante furtar, ou roubar, seus misteriosos (quanto às origens) e surprendentemente rápidos lucros empresariais)?! Digam lá, amigos: donde vem tanto "tutu" que até dá para exportar para o Brasil, para Angola e sabe-se lá para aonde mais???! Isso também devia preocupar, tanto assim como a língua, a vossa cabecinha cheiinha de bolorento patriotismo... romântico? Sejam realistas, bons amigos, sejam realistas! Pensem, como os... cartolas, no vosso futuro, no pé de meia para a velhice, a menos que estejam pensando em se tornar "eurodeputados", "deputados, ou "presidentes", todos auferindo às custas do cada vez mais pobre contribuinte "lusófono", aposentadorias polpudas que nada têm a ver com o salário mínimo brasileiro de 181 Reais ( a cerca de 92 escudos, quando não era euro, o Real), com o vosso salário mínimo ou com o redito mensal de 2,5 dólares do angolano que reside em Luanda... Terras santas, estas, onde a mão-de-obra super-barata atrai as transnacionais e seus "investimentos"...

Business is business- negócios são negócios- e ficam acima de tudo o mais..

Ainda um outro reparo: o Secretário de Estado das Comunidades ficou de ir a Minas Gerais em 13 de Setembro, mas cadê ele? O que tem a missão dele a ver com as seqüelas do nefando, criminoso e destruidor ataque terrorista às duas torres do World Trade Center e ao Pentágono (ataque esse que não é tão mal visto pelos "pacifistas"... ex-terroristas confessos, no passado, do PC do B, PT, Bloco de Esquerda lusitano , PCP e, embora não o proclamem e tenham enviado ao presidente Bush uma hipócrita mensagem de solidariedade e condenação ao terrorismo, da cúpula do MPLA e seu líder ex-estalinista e colega de Osamar bin Laden em negócios mafiosos de armamentos -)? Em Belo Horizonte, a Câmara de Comércio Luso-Brasileira só foi avisada à última hora tendo de cancelar às pressas todas as cerimônias, banquete e outras solenidades já planejadas!!! Se a coisa fosse em França, na Alemanha, no Luxemburgo,na Bélgica ou nos USA por certo seria diferente...

O PCP não está gostando da TV GLOBO porque as novelas brasileiras, segundo lemos num jornal português há tempos, estão contaminando aí o comportamento lingüístico do povinho "lusitano"; isso é criticado no areópago de São Bento pelos "filhotes de Cunhal" (o deus macróbio ainda vive? homem rijo, graças a Estaline... e à ciência gerontológica soviética) que classificam a epidemia de gíria brasileira entre a juventude portuguesa como "desnacionalizante " e logo o correspondente do "xará" Carlos Carvalhas ( é assim que se escreve? ou sem..."s"?) cá no Congresso de Brasília levantou também a voz protestando e pretendendo legislar estabelecendo "democraticamente" sanções penais contra as desnacionalizantes práticas comuns, até nas escolas, de adoptarmos, nós, povinho e professores, descaradamente, anglicismos (ou americismos?) inaceitáveis. Quamdo aludo a correspondente, refiro-me ao irmão gêmeo monovitelino do PCP no Brasil, ou seja: ao Partido Comunista do Brasil (pró-Estaline...) e ao seu clone Partido dos Trabalhadores - (aqui PT) cujo candidato vai, muito provavelmente, ganhar a próxima eleição presidencial brasileira, por larguíssima margem (devido ao fracasso da política econômica e social FHC e do seu "funcionário" - como o designa o nordestino presidente de honra do PT, Luís Inácio Lula da Silva- senhor Malan, sobretudo depois do primeiro mandato). Não falta quem no Brasil suponha que o povinho não votará maioritariamente em Lula porque, no fundo, este continua sendo um quase analfabeto, um proletário, ex-operário metalúrgico... Para esses eu tenho uma notícia fresca que, tenho certeza, será lançada aos quatro ventos cardeais e a todos os colaterais como surpresa, grande surpresa, na véspera do pleito eleitoral: Lula não será mais o tal ANALFABETO ou quase iletrado! Por que razão? Ei-la:
Há poucos meses assisti ao programa do Jô Soares, cerca das 01h00 da madrugada, na TV Globo, em que um jovem professor de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo , ex-seminarista e meu ex-aluno (por acaso... mau aluno incorrigivelmente absentista devido a preguiça e aos seus múltiplos afazeres petistas apesar de ser filho de libaneses milionários estabelecidos em Cachoeira Paulista,SP) de Sociologia I e II do curso superior de Filosofia da Universidade Salesiana de São Paulo, campus de Lorena- SP, Doutor (ou Mestre, não tenho certeza) Gabriel Chalita, hoje renomado escritor e docente, foi ali entrevistado, a respeito de seu último livro sobre metodologia de ensino e comportamento dos docentes em sala de aula... Em determinado passo Jô Soares referiu-se aos numerosos torcedores, alunos da PUC, sobretudo do sexo feminino, que enchiam o salão da Globo onde estava decorrendo o programa. O entrevistado, lisonjeado, anunciou que entre esses seus alunos ali presentes estava um bastante famoso e brilhante discente já adiantado no curso de graduação em Filosofia - LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA, presidente de honra e fundador do Partido dos Trabalhadores, o maior e mais actuante do Brasil actualmente. Chalita apontou para a assistência, ouviu-se uma salva de palmas e as câmaras focalizaram, numa das poltronas do anfiteatro, um rosto barbudo, cabelos grisalhos, semblante alegre e simpático, carismático, sorridente : o de Luís Inácio Lula da Silva, que acenou em sinal de agradecimento, recebdno uma calorosa ovação da assistência. Não há dúvida que ele é honesto, dinâmico, íntegro, competente, enérgico, corajoso e determinado. Portanto, quem vai candidatar-se não é mais o proletário quase analfabeto, mas, no mínimo, se não tiver já então Mestrado em Filosofia, um Licenciado em Filosofia, um homem tão culto, ou quase, como José Sarney ou talvez mesmo intelectualmente (mesmo não falando correctamente francês, inglês, espanhol e, claro, português), muito perto "cerebralmente" de Fernando Henrique Cardoso!!! É, repito, embora não estando no seu ou em qualquer outro partido político, muito mais corajoso e carismático do que qualquer dos seus opositores. Pode dizer-se que ele constitui, depois de tanta desilusão, a última esperança dos brasileiros... conquanto no seu partido existam outros homens válidos como José Genoíno, Aloísio Mercadante, Mattarazzo Suplicy, que inspiram confiança, e fora desse, o actual ministro da Saúde José Serra, os empresários António Ermírio de Moraes e Sílvio Santos ( na verdade Abravanel...) quer por serem competentes quer por não necessitarem de acobertar corruptos ou de aumentar suas fortunas pois o que possuem situa-os entre as maiores fortunas do planeta e isso ajuda a confiar neles. À mídia, talvez devido ao adiantado da hora, passou desapercebido esse evento refernte ao presidente de honra e fundador do PT, Lula, que agora sai aqui, em primeira mão. E quer agrade quer não agrade aos comunas da velha guarda soviética (com todo o respeito que todos nos merecem) portugueses ou/e brasileiros, não vou mesmo..."deletar" (apagar, de "delete" na nomenclatura informática americana) esta "caxa". O, em breve Dr., Luís Inácio Lula da Silva vai ser, tenho certeza disso, o próximo presidente da República Federativa do Brasil, e com uma vitória esmagadora. Com ele não haverá curvatura de espinha aos imperialismos ditos globalizantes, certamente impusionará essa aproximação entre os desfavorecidos. E Portugal, aonde também trabalhou como operário, quando exilado, por certo não será desconsiderado nas suas aspirações culturais e lingüísticas. Mas que, sem que ele repudie investimentos externos desde que no Brasil esses investidores apliquem ou invistam o que aqui lucrarem, se precatem os capitalistas "tugas" que tentem explorar brasileiros ou levar daqui mais do que for justo - dar-se-ão muito mal... Não sendo seu seguidor, nem de nenhum outro, reconheço-lhe o mérito, o carisma, a honradez e a sua inabalável determinação.

Embora se diga que as relações entre a língua portuguesa e o país onde mais se fala o português mereciam mais do que aquilo saído há dias da CIMEIRA, ponho algumas reticências, para além dos reparos que já teci, a contragosto de muitos, em escritos anteriores. A língua comum, quaisquer que sejam as formas dialectais nela existentes, é evidente que facilita muito o entendimento entre as pessoas e entre os povos. A Terra somente terá o ecúmeno unido e fraterno quando nela, à escala planetária, se falar e utilizar uma só língua. O Esperanto foi uma tentativa que não deu frutos... Feneceu, sumiu... Não servia. Infelizmente também a língua que falamos não permite acalentar grandes esperanças, porque é realmente tão difícil como são as línguas eslavas e germânicas. Todas são indo-arianas, dizem alguns entendidos. Mas, que importa? Recordo-me que certa feita, em 1952, sendo ao tempo oficial do exército em Macau, no café-restaurante Golden Gate, nos rés-do-chão do Hotel Chung-Ion, estava um grupo de oficiais, ao cair da tarde, reunidos em torno de algumas meses saboreando algumas bebidas e tagarelando. Próximo do lugar em que eu estava sentado, numa mesa isolada, estavam dois personagens muito conhecidos que no Porto Exterior estavam fazendo filmagens de uma nova película cinematográfica amaericana cujo enredo decorria nos rios de Cantão: o director Orson Wells e o actor Kurt Iurgens. Recordo-me de ter ouvido o famoso Orson dizer em voz alta voltado para Kurt, enquanto puxava fumaça do seu grosso charuto havano: "Repare como eles falam depressa! Não consigo entender uma só palavra do que estão dizendo. A língua portuguesa deve ser deveras difícil!!" Jamais olvidei esse acontecimento... que me deu consciência de quanta dificuldade existe em dar expansão maior à nossa língua, podendo considerar-se que no Brasil está se assistindo a um verdadeiro milagre lingüístico. Em Macau quase não havia chinesas falando, mesmo mal, a nossa língua. Em Timor, 25 anos de ocupação Indonésia eliminaram-na. Em Goa, Damão, Dio, Dadra e Nagar- Aveli, na Ìndia, 40 anos de ocupação indiana, o mesmo conseguiram. Duvido que em Angola e em Moçambique, imensas e escassamente povoadas por grupos e subgrupos etnolinguisticos díspares, ainda que bantos, em que as gerações do último quarto de século nem escola têm tido devido aos conflitos intestinos, não acredito que, a não ser nos grandes centros urbanos, o português tenha sobrevivido como veículo principal de comunicação nas sanzalas e quimbos angolanos e nas tembas moçambicanas,e afastado das relações entre as pessoas e grupos os dialectos africanos. Apenas e unicamente no Brasil assisto há ¼ de século a este autêntico MILAGRE LINGUÍSTICO que, no entanto, não logrou invadir com êxito todas as comunidades indígenas autóctones (índios brasileiros), em algumas das quais, a identidade cultural é infensa e persiste preservada, incólume, pois lhe preferem a extinção da própria tribo. Mas vejo no Brasil o que jamais consegui ver em Timor, em Macau, nas comunidades chinesas da Beira e de Lourenço Marques (hoje, Maputo): amarelos falando bem a língua portugesa... Por conseguinte,a nação-guia da chamada..."lusofonia", a meu ver, deve ser o Brasil e não Portugal, o Brasil onde quase 170 milhões falam e escrevem mesmo em língua brasileira enraizada na língua trazida pelo ex-colonizador mas muito mais enriquecida polimorficamente.

Fernando Pessoa estava certo ao classificar sua língua de verdadeira "pátria" -um conceito que tende a sumir de vez, por obsoleto, neste crescendo de globalização a que estamos assistindo - e oxalá (vocábulo, este, de origem árabe...) que assim seja: pátria comum globalizando outras nações que a usam como sua e lhe deram até variações que a valorizam ainda mais -. Mas não pensem os ingénuos que as elites dessas nações alinham todas no conceito de língua portuguesa única. E ainda bem: no Brasil, pelo menos, isso não está vencendo nem convencendo, com CPLP e tudo o mais... Num dos últimos números da revista Superinteressante foi publicado, com destaque, o parecer documentado de um renomado pesquisador e filólogo da Universidade de São Paulo, professor de grande prestígio, que defende intransigentemente - e demonstra-o apoiado em pesquisa elaborada e concludente...- a existência de língua brasileira pròpriamente dita, conquanto possa dizer-se que teve origem na língua herdada do ex-colonizador, mas paulatinamente reformulada, enriquecida e ora repleta de muitos milhares de vocábulos indígenas (brasilindios), africanos e outros, em tal profusão que a distinguem, até pelas formas dialectais, da sua antecessora, a dita "portuguesa" que, por seu turno, foi "galega", "galaicolusitana", "galaico-portuguesa" e só depois... "portuguesa", como todos sabemos...

Sendo assim, até posso compreender - pois então, resignemo-nos- que o senhor {desculpem a aparente descortesia que não o é mas no Brasil não se usa antepor arquitecto ou engenheiro -ambos em desuso- ou doutor ao nome de quem não é médico, advogado no exercício da profissão advocatícia, magistrado ou mesmo doutorado PhD com todas as letras-} Guterres, pragmaticamente e não perdendo tempo com romantismos que nunca conduziram a bom porto e melhor aguada e que não auguram- antes não fosse assim- grande futuro para a tal de CPLP... -tenha preferido voltar-se para a solução de assuntos mais prementes e rendosos. Se assim foi, só me resta aconselhar aos românticos lusófonos que aguardem esperançosos outra oportunidade em que ele, ou o seu sucessor se ele não lograr clonar de novo (mais um crime de lesa-língua pátria, segundo os comunas...) o "dos santos" e se auto-eleger, se cometam aos tais aspectos românticos, com perfume salazarista, ainda não solucionados... até hoje.

Relevem-me a franqueza e não se sintam beliscados ou ofendidos nos vossos brios patrióticos para uns e patrioteiros para outros... Mas lembrem-se: Em nossos dias vale mais - e rende muitíssimo mais juros...- o patrioteirismo do que o... patriotismo.

Carlos Mário Alexandrino da Silva
      Fernando Cruz GomesFernando Cruz Gomes

Há Cimeira luso-brasileira? Viva a Cimeira!

Uma cimeira luso-brasileira. Na sua edição n.º 5. Uma cimeira que foi andando à volta de problemas... mas que, pelos vistos, não conseguiu saltar para dentro do "círculo". Só o bordejoy. E quando assim é, pouco haverá a fazer...

Vamos por partes. É evidente que o mundo luso-afro-brasileiro - nesse todo e não em parcelas - precisa, cada vez mais, de estar unido. Os desafios que hoje, em todo o mundo, se colocam ao homem pensante (sim, porque nem todos pensam...) são mais que muitos, sendo perfeitamente natural que determinados grupos de indivíduos, quando detentores dos mesmos valores morais, da mesma Língua e do mesmo objectivo, possam "puxar a brasa à sua sardinha..."

O problema é que não é muito fácil criar o tal "objectivo comum", como não será fácil arranjar os suficientes denominadores comuns que nos façam entrar a todos no mesmo barco.

Só assim se compreende que esta Cimeira Luso-Brasileira não tivesse grande expansão nos órgãos de Informação de grande circulação nos dois países. E quando assim é, certo se torna que o público deixa de se interessar. Ou melhor, nem sequer sabe que houve a tal... "cimeira". Que o não foi, certamente, já que se foram apenas "massajando" uns aos outros determinados bestuntos pensadores. A jeito de sacrificar ao seu próprio umbigo.

LUSO-BRASILEIROS

Quem são, de facto, os luso-brasileiros? O que é que os une? O que é que os desune? Já encontraram, os dois o seu denominador comum? Será que, entre os políticos, há autênticos paladinos de encontrar resposta a todas estas perguntas, feitas, em manhã de quase nevoeiro... que não deixará ver "razões" para o gasto de tantos rios de dinheiro... sem aplicação prática?

Se fôssemos capazes de pegar num tema só e levá-lo a bom termo, isto é, até à sua resolução, valeria a pena. Com cimeiras. Sem cimeiras. Com o Povo de um e outro dos lados a entender que... não está sòzinho.

Peguemos no Português. E falemos, mesmo assim, apenas nos dois países - Brasil e Portugal - sem esquecer que há já outros países a falar a mesma Língua. O que é que os Governos de Brasília ou de Lisboa fizeram para unificar o ensino, melhorar as regras, vencer as barreiras que (sobretudo no mundo para onde brasileiros e portugueses se dirigem, como emigrantes) se põem a esse mesmo ensino. De facto, conseguimos fazer muito pouco. E mesmo assim... o que se fez é desgarrado, sem consistência e sem substância.

Andamos todos a bater as palmas ao Brasil quando ele está na final do Campeonato do Mundo... mas o brasileiro (na sua maioria, porque há excepções) não é capaz de saudar o Portugal do futebol que, nos últimos tempos, tem dado cartas. Cantamos "loas" aos acordos luso-brasileiros para tudo... mas os portugueses não conseguiram aceitar os dentistas brasileiros que chegaram à Europa e mercê do tratado de reciprocidade que, com outro nome, já existe desde o tempo de Salazar. E eles queriam apenas trabalhar.

Exemplos simples, naturalmente. Daqueles que são capazes de dar pano para mangas... em discussões de toda a forma, por que, de facto, brasileiros e portugueses são exímios em usar a palavra. Os brasileiros... até, nesse como em muitos outros aspectos, estão na dianteira. Não é por mal. É feitio...

António Guterres, o Primeiro-Ministro de Portugal, para esquecer que nem tudo é um mar de rosas nas relações entre os dois países, fez inscrever - se é que foi ele... - uma frase que se via na peanha de onde falava: "Português com muito orgulho. Brasileiro com muito amor". Era bom que assim fosse e seria melhor que o conceito fosse aprofundado por quantos têm obrigação de o fazer...

Português com muito orgulho. Brasileiro com muito amor.

E NO ENTANTO...

...há entraves a mais. Entraves burocráticos que se colocam à ida de portugueses profissionais para o Brasil. Entraves face à visão redutora que algumas empresas portuguesas ainda têm do Brasil. Os laços culturais, políticos e económicos têm vindo, nos últimos tempos, a ser puxados. Mas, de facto, há pouco a ver nos objectivos e nos relacionamentos. Os povos já se conhecem, mas não se estimam suficientemente. Mesmo que o digamos. Mesmo que teimemos em o repetir, uma e muitas vezes.

Os Governos e os seus elementos são capazes de dizer que tudo está a viver num mar de rosas. Mas, de facto, há demasiados espinhos também.

Dizem-nos que a ideia brasileira de um Portugal vestido de xailes negros, a cantar o Fado ou a usar tamancos por tudo o que é sítio, começa a dar lugar a um país moderno e virado para o progresso. Só que, mesmo isso, vai precisar de gerações para se materializar no coração do povo. E esse povo é que dá consistência às cimeiras, aos tratados e aos acordos.

Claro que há agora investimentos de grupos económicos portugueses no Brasil e um maior fluxo no intercâmbio cultural, quiçá mesmo uma nova estratégia diplomática. Mas não chega. O Mercosul, o grande mercado sul-americano a que o Brasil pertence, tem de ser convencido a não se afastar tanto da Europa.

Cimeira assim? E o Povo? O povo está já preparado para isso?

O brasileiro médio tem uma qualidade que, segundo dizem os entendidos, já se não usa. E que nós, bem ao contrário, enaltecemos e haveremos de continuar a enaltecer. Qualidade que se vê mais e melhor, quando à distância. Já não é a primeira vez, nem decerto será a última, que damos connosco a ouvir críticas dos brasileiros às autoridades do Brasil e ao seu "modus faciendi". Quando achamos que devemos alinhar com eles e o fazemos, sentimos logo que somos intrusos. Os brasileiros da conversa juntam-se e... acertam o comentário sobre nós. Dizer mal das coisas do Brasil... só os brasileiros.

Isto chama-se nacionalismo. Exacerbado. Mas... nacionalismo. "P´rá frente, Brasil...", mesmo que a selecção esteja uma lástima. "Temos o maior petroleiro do mundo", mesmo que o Brasil quase não tenha petróleo... e assim por diante.

O nacionalismo do Brasil... deveria ser também copioado em Portugal pelos Portugueses. Seria óptimo se o conseguíssemos fazer.

E este Café de hoje... nem dá "pró-petróleo". É feito ainda sob os efeitos da tragédia que se abateu por sobre os Estados Unidos. E que vai avançar para muitos outros países. Talvez por isso, o café de hoje... ficou ligeiramente requentado. Para a próxima será melhor...

Fernando Cruz Gomes

Na próxima semana: As Armas e os Barões Assassinados...


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As cimeiras são, como a palavra exprime, o cimo de qualquer coisa. É quando há contactos múltiplos de vários níveis, esforços bilaterais sobre dificuldades no terreno e muito trabalho feito por outros parceiros. Então uma cimeira de vontades políticas ajuda a progredir nas questões já avançadas e que é possivel agendar. A questão aqui talvez fosse saber em detalhe essa agenda e se é de vontades e interesses partilhados pelos parceiros detentores de um património linguístico comum. Em tempos viajei no sueste asiático e dei comigo num autocarro no meio de um grupo heterogéneo de ingleses, australianos e neozelandeses, todos em turismo como eu, nenhum se conhecendo há mais do que os primeiros minutos da viagem. Pois em pouco tempo estabeleceu-se uma conversa animada entre os três grupos de língua inglesa em que transparecia uma animação e felicidade em trocar banalidades, subentendidos linguísticos e afinidades que ajudaram a empatia entre os elementos daqueles grupos, separando-se no fim da viagem em grandes e efusivas despedidas. Há algum tempo, sentei-me com a minha mulher num pequeno restaurante junto a uma das portas da cidade antiga de Jerusalém para um almoço rápido, a meio do dia. Aos poucos apercebi-me que os nossos parceiros de mesa - era daquelas mesas para 4 e o espaço era pouco - muito discretamente trocavam impressões em português do Brasil. Fiz um esforço, quebrei a inibição e passado um pouco conversávamos à vontade dos nossos lugares de origem, do que já havíamos visitado e de pequenas coisas dum passado comum como povos ditos irmãos. Mais do que a inflexão das vozes e as atitudes reservadas iniciais, ficou a satisfação do encontro inesperado na babel em que nos moviamos. Há um mundo grande em que nos sentimos pequenos, quer na aventura de uma viagem, quer no palco das representações do poder entre nações. Mas quando encontramos parceiros afins, possuidores dum património, de uma herança cultural muito idêntica, sentimos reforçada a nossa posição e acompanhados na aventura. Será esse talvez o espírito duma cimeira, de muitas cimeiras que, certamente, para além das banalidades do discurso oficial para a imprensa, permitirão por certo o mundo de contactos não formais onde muitos assuntos encontram eco e muitos canais se abrem, quem sabe, para alargar um pouco o nosso olhar sobre o mundo onde queremos certamente ser um parceiro ouvido, escutado, através dos que nos representam, para o melhor e para o pior.
É um café breve, feito só de espuma, sem borras da história a impregnar a chávena. É que ao café quente, preto e amargo da erudição de outros tempos, segue-se a "bica curta", breve, a dar o travo do net-café, de fim do dia.
Saudações
José M. Freire da Silva

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Portugal em Linha - O Ponto de Encontro da Lusofonia