Portugal anda, de facto, em maré de azar. Os políticos de que dispõe estão em baixa de forma. Não estando em forma, a sua actividade no dia-a-dia da vida portuguesa cifra-se numa anemia confrangedora que os especialistas mundiais já detectaram e os nossos seguiram sem grandes tergiversações.
Talvez que o período de férias traga algo de novo e faça aparecer soluções milagrosas, já que só com um milagre - e bem puxado... - é que o todo geral do nosso País pode entrar nos eixos.
Com orçamentos rectificativos e com um misto de vergonha (pelo que se fez) e de determinação (pelo que se pode e deve fazer) era bem possível a Portugal entrar num verão quente que é simultâneamente a porta aberta para mais um acto eleitoral.
Só que o orçamento da nossa angústia foi tudo menos rectificativo dos erros de que enferma a sociedade político-governativa. E quanto à vergonha, essa, de tão envergonhada, fugiu. A determinação... essa ficou mas frouxa e fraca de morrer. O que, tudo visto, não augura nada de bom para os próximos tempos.
O governo do sr. Guterres, de tão remodelado à esquerda e à direita, já não tem características que o salvem. E a oposição faz que
anda sem andar e atola-se em contradições mil, derivadas, no fundo, das suas diferenças congénitas. Sim, porque igual só a vontade de saltar para o poleiro.
Fala-se, por vezes, na necessidade de fazer cursos de reciclagem na maior parte das actividades portuguesas. Nunca se fala na necessidade, e imperiosa, de reciclar a nossa classe política. Mais do que isso, a classe política dos pesos pesados da actividade partidária deixa no banco... ideias e ideólogos, soluções e alquimias, ventos sadios enunciadores de lavagem de ares.
Quando assim acontece, quem é que tem a ousadia de criticar os campelos da desgraça que aparecem sempre quando é preciso mudar as coisas?
O povo ainda tem a resposta. Uma resposta que vai sendo dada quando acontecem os actos eleitorais mais ligados ao povo-povo. As
autárquicas, lá mais para o fim do ano, são assim capazes de trazer ao nosso dia-a-dia propostas de soluções. Pena será se a tal classe política não souber entender a linguagem do povo... que todos dizem defender. Mais tarde ou mais cedo, essa classe será varrida da actualidade.
Levantemos as mãos aos céus, porque só de lá nos podem vir soluções! Com um Governo como o que temos e com uma Oposição que só pretende saltar para o cavalo do poder, sem para tal se preparar, a situação é algo dramática. Não levanta a consciência nacional. Não estuda problemáticas. Dilui-se nas fogueiras do quotidiano que vai tentando apagar. E dirime as batalhas em curso quase sem pensar no beneficiário final da eventual peleja ganha. Quando muito pensa no seu umbigo, quer ele seja a sua pessoa ou o seu Partido.
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