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Fernando Cruz Gomes




A RTP... que ainda não existe


Ela existe. Só que... faz que anda sem andar. A RTP tem estado, nos últimos tempos, em "ebulição". Assim irá continuar nos próximos tempos, já que a "remodelação" prometida pelo Governo e o que já se disse... são coisas que nada têm a ver uma com a outra. "Remodelação" séria é uma coisa. O que se fez - ou melhor, o que se anunciou - é outra e bem diferente.

Não parecem restar dúvidas de que o primeiro serviço que se exigiria de uma televisão pública... seria a Informação. Uma Informação que tenha a ver com as componentes de informação política, económica, social, cultural, internacional, desportiva, científica e regional. Uma Informação séria e profissional. Que nem sempre acontece. Sobretudo aquela que tinha a ver com o país real que somos e queremos continuar a ser.

O noticiário com "notícias pequenas que valem mais do que as grandes", como dizia, há muito, a RDP, quase desapareceu. E, no entanto, "Caderno Diário" e "Regiões" tinham o mérito de agradar ao "País profundo", tanto como vai acontecendo com "Notícias de Portugal" que surgem agora. Os debates, que já existiram e agora são cada vez mais raros, as entrevistas, os documentários e as reportagens. Tudo foi desaparecendo na voragem de uma "poupança" que não cuidou de saber onde cortar...

Talvez que não se notem, por enquanto, os espartilhos partidários que, em tempos, foram a nota mais negativa de uma certa Informação. Mas são capazes de voltar, entenda-se. E podem voltar porque Governo e Oposição, à compita, hão-de entender que Informação plural é mesmo aquela que, a todas as horas, fale no Partido X ou Y, tanto quanto fala no Z ou B. Verdade e rigor são qualidades que devem imperar nestas como em todas as questões de Informação.

O governo tem mesmo de fornecer ao Público... a Televisão que o público paga. Sem "rodriguinhos" manhosos de explicação. Com rigor. Com programas de informação e divulgação para públicos específicos e com telejornais com mais consistência. Decentes, em suma.

De qualquer modo, chega a parecer que alguém quis fazer alguma coisa. E mesmo que esta polémica - que está para durar - não seja do agrado de quem estas linhas traça, há coisas que não poderemos negar. Mesmo que tenham nascido na mente daqueles que dizem que a estação pública terá de ser talhada à imagem da Europa. Da Europa, imaginem, que tem tudo a mais do que nós temos. Em gente para ouvir e ver e em gente para realizar e fazer. É difícil ter como paradigma a tal Europa.

Desde 1957, a nossa RTP fez que andava... sem andar. Coisas bem a sério... fez o quê? Talvez por isso, se um dia um ministro deste ou doutro Governo... achar que a RTP tem de sair da cena... ninguém vai chorar. A não ser, claro, os "exércitos" de funcionários que por lá tem... e umas quantas dezenas de produtoras que, muitas vezes, são apenas a "capa" de uns quantos funcionários.
Chorar por aquilo?


Fernando Cruz Gomes
Toronto, Canadá
fgomes@globalserve.net

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