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Angola, 27 anos de independência

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Ao comemorar-se mais um ano sobre a independência de Angola muita gente terá, certamente, esta pergunta no pensamento: O que mudou? Os homens e mulheres que lutaram durante décadas pela independência e melhores condições de vida obtiveram, passados 27 anos, o que desejavam? O que falta para se cumprir Angola?

 

 

 

 

 Fernando Cruz Gomes

Picada de marimbondo...!

Este café é doloroso de tomar. Amarga. Servido com o mínimo de ternura e com calor de quanto baste... o cimbalino de hoje acaba por sair requentado. Como verão, é café que já outros beberam. Que não dá para nada. A despeito de se ter de beber. Sim, porque tudo isto é já um hábito. Um hábito que tem 27 anos... tantos como leva Angola da sua independência que... ainda o não é.
Um café assim serve para quê?! Pouco mais serádo que "picada de marimbondo... que só dá comichão".

Entendamo-nos. Angola ficou independente há 27 anos. O que é que mudou? O povo vive, de facto, independente? Vive melhor? Quando a guerra acabou - e ela acabou mesmo?! - todos pensavam que iriam ter, finalmente, pão. Que não haveria mais meninos a morrer de fome. Que as gritantes desigualdades acabariam. Que...

Pois... mas a guerra não parou de começar. Dilacerou corpos e almas. Varreu os ventos da concórdia para fazer entrar os outros. Olhou de soslaio para o país que ia deixar o solo. E fez entrar novos mandantes. Que esses, sim (pensava-se...) iriam propiciar a tal paz que só existiu nas canções (quase) de embalar.

E mesmo agora, que os canhões já deixaram de troar... aqueles que eram municiados pelo velho Savimbi, cuja história está ainda por contar, houve de novo a sensação de que agora... é que iria ser. De resto, havia razões mais do que suficientes para se acreditar. Para se dar mais uma lufada de ar fresco, a que chamam esperamça, a um povo já habituado a sofrer. Era, de novo, a festa da independência. É, de novo, a festa da independência.

É que só com o dinheiro que se gastava em armas e em luvas aos que as encomendam e compram... a esperança em melhores dias tinha terreno para andar. Colmatar-se-iam os buracos enormes existentes entre uma classe rica até mais não poder e os outros - os novos "escravos" - que nada têm e só vivem para morrer. Com esse dinheiro poupado, aumentar-se-ia o orçamento dos desgraçados, dos deserdados, dos que nâo têm pão. Chegava e sobrava para pôr de pé, novamente, a tal D. Esperança, senhora prendada que vão atirando à mente e ao coração dos que foram obrigados a pegar em armas e a quem agora acenam com o tal ramo de oliveira.

Era bonito. Demasiadamente bonito... para ser verdade. Éque das palavras proferidas por altura das comemorações de um novo aniversário da tal independência não escorreram... mais do que palavras. Ficou a sensação de um "deja vu..." tendente a perpetuar uma situação que só interessa aos senhores que não têm pátria, a despeito de se dizerem angolanos.

Como os conspícuos leitores deste pedaço de prosa hão-de ver... uma independência assim só interessa aos que detêm o Poder. Porque, de facto, a Paz que veio da morte do velho Savimbi... não é mais do que "balão de ensaio" para os que mandam. Do dinheiro poupado nas armas e nas alcavalas e luvas dos senhores... pouco está a chegar aos bolsos dos que mais fizeram para ganhar a paz. E pouco vai chegar... porque a guerra é agora ali, um pouco mais longe, lá em cima, num território que não é Angola, nunca o foi e não o quer ser.

E como os ditadores para o serem... têm de ter sempre um "caso bicudo" para resolver, Cabinda veio, uma vez mais ao de cima. Aos que estão no Poder estava a começar a faltar o terreno fértil para ir buscar as tais comissões. Estava a faltar a "razão" para não resolverem os problemas do país. Tiveram de começar, ràpidamente, a navegar por outras águas.

Paz em toda a Angola... do Zaire ao Cunene? - Vai-se um pouco mais acima, para a Cabinda dos nossos sonhos... e inventa-se não sabemos que pruridos de "guerra de paz..." Como se fazia antes. Assim... o dinheiro volta a jorrar, escorrendo, não apenas do petróleo, que é de Cabinda, mas também das armas que se têm de comprar. Lá em cima - em país que não é Angola... mas que terá agora de o "ser" - a guerra vai alta.

O chamado governo de Angola - que já não estálegal há quase uma década, se é que alguma vez o esteve... - desencadeou uma grande ofensiva em Cabinda, com cerca de 10.000 homens, armas pesadas e aviação. O objectivo é aniquilar a chamada FLEC, E mesmo que se acredite que não vai ser fácil penetrar no profundo Maiombe, com matas das mais densas do mundo... já estão a fazer grandes estragos. Incendeiam casas. Matam. Violam mulheres. Obrigam as populações que vivem junto às fronteiras a fugirem para as matas.

É, de novo, a guerra. Exportada, afinal, para onde for necessário. Para que haja armas a comprar e comissões a encher os bolsos dos que mandam. Cabinda contribui com 80% das receitas de petróleo para Angola. Só que Cabinda continua a sofrer. Vive na miséria, enquanto os corruptos de Angola têm contas fabulosas em diversos bancos da Europa, e Américas. O dinheiro das receitas dos petróleos serviu para compra de armas, que provocou um quadro de 4 milhões de desalojados, cerca de 100.000 deficientes sobretudo amputados de pernas e braços, devido a minas, e 40.000 crianças orfãs. É um quadro triste que podemos ver através dos orgãos de comunicação social e tevisivos.

Esta é a independência que Angola tem. Uma independência atapetada de sangue e de miséria. Uma independência que exporta, também, a guerra para outros povos que querem a Paz.

Cabinda, de facto, não é Angola. Nem sequer "parece", uma vez que em termos territoriais... não lhe toca. Mas serviu às mil maravilhas agora para reacender as chamas do incêndio que os homens do Futungo de Belas tinham levantado em toda a Angola... e agora estava quase a extinguir-se.

As labaredas já se levantaram de novo. E Cabinda - que não é Angola - vai servindo de "razão" para "reinventar" a guerra. Que dá dividendos aos senhores que, hoje, se arvoram em donos do País grande e nobre que se chama Angola e que a cobiça de alguns... está a transformar em ave de rapina.

Só que, de facto, picada de marimbondo... só dá comichão...

Fernando Cruz Gomes

   Orlando Castro

Peixe podre, fuba podre, 30 angolares e porrada se refilares

De acordo com o que li no «Notícias Lusófonas» sobre Angola, nomeadamente em matéria de discursos comemorativos de mais um aniversário da (in)dependência, fiquei com as certezas que já tinha, com as dúvidas que sempre me acompanharam e com o cepticismo de quem acha que os actuais políticos angolanos não são uma solução para o problema. Serão antes, quanto a mim, um problema para a solução.

Vamos por partes. As (minhas) certezas... com certeza.

Essas são, creio, quase unânimes entre os que como eu (e como o meu patrício aqui do lado) não definem Angola porque, cada vez mais, se limitam a senti-la. Tantas vezes com dor, muitas outras com uma lágrima no canto do olho, e sempre na esperança de que o futuro há muito deveria ter nascido... assim os angolanos (sobretudo os que estão no poder) tivessem a noção de que quem não vive para servir não serve para viver.

Ou seja. Angola tem (quase) tudo para ser um grande país e até, daqui a algumas gerações, uma grande nação. Deus, seja Ele quem for, deu a este espaço africano (tão mal dividido à régua e esquadro pelos colonizadores europeus) tudo o que era preciso para ser o maior entre os maiores. Também lhe deu, reconheça-se, um mosaico de povos capazes de valorizar mais o que os une do que o que os divide. Reconheça-se ainda, por ser um elementar acto de justiça, que lhe deu um colonizador melhor (é claro que com muitos defeitos) do que o atribuído a outros países da região.

Tenho (tanto quanto isso é possível) a certeza de que o que Angola não teve foi bons amigos. Verdadeiros amigos. Americanos e soviéticos (entre os dois venha o Diabo e escolha) apenas se prestaram a ajudar o país porque a troco de um chouriço recebiam um porco. A troco de armas recebiam barris de petróleo. A troco de minas recebiam diamantes. Hoje será, talvez, diferente. Mas todos os cuidados são poucos.

Os amigos dos angolanos não são os que aparecem na Imprensa a oferecer próteses para os deficientes de guerra. E não são porque, importa recordá-lo, esses são os mesmo que forneceram as minas que provocaram toda essa catástrofe.

As minhas dúvidas. Algumas... apenas

Eduardo dos Santos, um presidente democraticamente quase vitalício, continua a confundir a obra prima do Mestre com a prima do mestre de obras. Diz o presidente que «honrar e declarar o nosso amor por Angola assume um carácter solene e especial». É verdade. Mas isso não basta.

As crianças que mendigam e morrem à fome nas ruas de Luanda também amam Angola. Amam-na e declararam esse amor. No entanto, Eduardo dos Santos, que tem pelo menos três refeições por dia, continua a nada fazer para lhes dar um prato de fuba.

Rui Mingas (um dos homens do presidente) dizia que, «nos antigamente», os angolanos apenas tinham «peixe podre, fuba podre, 30 angolares e porrada se refilares». E hoje? Hoje continuam a levar porrada, mesmo sem refilar, e nem peixe ou fuba podre têm. «À força do povo angolano e à riqueza dos recursos naturais do nosso país, podemos juntar agora a serenidade que se instaura quando constatamos que nada mais pode pôr em causa o esforço colectivo para a construção do bem comum», afirmou Eduardo dos Santos nas comemorações do 11 de Novembro.

Baixinho, creio eu, Eduardo dos Santos deverá ter acrescentado: olhai para o que eu digo e não para o que eu faço. E o povo que aplaudia, certamente pensou: quem nos dera ter de comer.

Sem desculpas, o Governo de Luanda tem tudo para mostrar do que é capaz. Não vai chegar lá. Mal acabou com Savimbi virou-se para Cabinda. E depois vira-se para qualquer outro sítio, mesmo fora de Angola. Os poucos que têm milhões não vão abdicar de nada em favor dos milhões que têm pouco... se é que têm alguma coisa.

Falta o cepticismo? Não, não falta. Ele é o somatório das certezas e das dúvidas.

Orlando Castro

 


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