Artigos de Opinião
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Carlos Mário Alexandrino da Silva |
Inciamos aqui a publicação de uma série de textos que era nossa intenção constituirem capítulos ou mesmo subcapítulos de um livro em projecto que desejariamos subordinar ao título de capa AUTÓPSIA À HISTÓRIA DA DESCOLONIZAÇÃO PORTUGUESA. Sem dúvida que uma obra desta natureza, apoiada em documentos oficiais e apontamentos particulares e na nossa vivência dos problemas ao longo dos anos em que trabalhámos em vários territórios do espaço pluricontinental e insular português do passado por muitos insistentemente denominado de "império colonial português", por vezes tem de abordar ou aflorar, de maneira melindrosa, nalguns aspectos que ferem personalidades que erraram no cumprimento de suas missões ou dando protecionismo a grandes interesses políticos ou econômicos e bem assim, problemas relacionados com "portugalidade", "angolanismo", acção psicológica e guerra psicológica, corrupção de suportes dos orgãos administrativos e do poder, comportamentos sociopatologicos de entidades civis e militares e comportamentos honrosos, omissões históricas, "subversão", nacionalismos e guerras secretas ou cuja existência não figura na história de Portugal nem na de outros países lusófonos, etc., etc. Trata-se de arejar e pôr à mostra, da maneira menos contundente possível, para pessoas em foco (de que procuraremos utilizar siglas ou não usar os verdadeiros nomes, preferindo-lhes o relato factual...), episodios e duras verdades que contribuirão para fazer uma aturada pesquisa histórica de molde a permitir que algum dia se reescrevam com a indispensável veracidade, capítulos da nossa história (e não só da nossa) que estão intencionalmente distorcidos ou desvirtuados ou ainda omissos em areas essenciais à avaliação do passado colonial lusitano. Não seremos, nem patriota nem patrioteiro; apenas verdadeiro, tanto quanto a nossa memória e os elementois documentais ao nosso alcance, o permitirem. Temos a avalizar o que vamos escrever, a experiência do nosso passado no desempenho de variadas funções de responsabilidade e as nossas andanças jornalisticas (e não só) feito "globe-trotter" numa jornada que comprende geograficamente a ocidental praia lusitana, as parcelas territoriais africanas, asiáticas (até à China, e na Oceanía, a Timor) e sobre a placa tectônica sul-americana, o imenso e maravilhoso Brasil onde vivemos e no qual pretendemos ficar sepultado, pois nele tivemos o privilégio de viver o último quarto de século, sendo este generoso, opulento e sofredor país, por direito de sua importância a nível internacional "cabeça" da comunidade lusófona, a Diáspora que o Destino nos reservou. Iniciamos nossa coluna com um texto que em si já faz um pouco de luz sobre factos até agora apenas levemente pesquisados, mas que requerem estudo mais profundo e intensivo, para serem devidamente interpretados, compreendidos, dissecados e, finalmente, julgados pela opinião pública. Não deixaremos também, em alguns "capítulos", de passar a limpo certos aspectos históricos que remontam a um passado lusíada mais longínquo, até mesmo nesta imensa parcela que já foi Portugal realizado fora de Portugal e sede do Reino durante e depois, de facto, das invasões napoleónicas francesas, no início do século XIX. Oxalá consigamos cumprir com a desejável serenidade, coragem e isenção, esta nossa derradeira (já pesam sobre nós 75 invernos austrais) tarefa de jornalista, sociólogo, cientista político, comentarista político e escritor, assaz difícil pelo inédito que pretendemos conferir-lhe e pela responsabilidade ética que a envolve, como compromisso que tem por escopo uma informação séria e objetiva, que de algum modo possa constituir contributo válido para a formação da opinião de quem ler o que temos a transmitir. Nosso público-alvo são os internautas lusófonos em particular e outrossim, os de outras origens linguísticas que se interessam pela pesquisa histórica e geopolítica do antepenúltimo império colonial - o lusitano - já que nós entendemos como penúltimo a extinta União de Repúublicas Socialistas Soviéticas e último, os arrogantes Estados Unidos da América que ainda mantêm colônias a que denominam eufemisticamente de estados, como o Hawai, o Alasca e o Porto Rico (para não citar outros que foram anexados sem serem ouvidos os seus naturais). Em Outubro de 1969 conhecemos em Viena de Áustria um renomado historiógrafo e erudito pesquisador - o então ainda jóvem Professor Doutor Gunther Hamann, Diretor do Centro de Estudos Históricos da Universidade de Viena , o qual tinha escrito, como tese de doutoramento, um valioso e volumoso trabalho (1), em língua alemã, sobre História dos descobrimentos e conquistas ultramarinas dos povos ibéricos, ainda desconhecido em Portugal, que, a nossa indicação, acabou recebendo, merecidamente, sem todavia seu autor haver sido convidado para se deslocar a Lisboa, o PRÉMIO CAMÕES. Disse-me ele, durante um jantar, falando português que havia aprendido sózinho, isto é - sem mestre, que se alguma vez a Áustria deixasse, uma vez mais, de existir como estado soberano e independente, a pátria que ele escolheria para viver e adoptar como sua, seria PORTUGAL. Quando, num relatório, no final dessa viagem à Alemanha e à Áustria, levamos isso ao conhecimento do então ministro do Ultramar, não obteve o relatório qualquer repercussão, admitindo-se que nem sequer haja sido lido, limitando-se aquele personagem (pouco versado em História e em assuntos coloniais, até porque jamais trabalhara em qualquer parcela do espaço ultramarino português) a rabiscar um "visto"... Quanto ao Prof. Hamann, ao invés de muitos sujeitos inúteis que eram convidados oficiais do Ministério dos Negócios Estrangeiros, nunca foi convidado para visitar as colônias portuguesas ou mesmo... Portugal metropolitano. Perdoem-nos se utilizarmos, com freqüência, as normas ortográficas do português em uso no Brasil, a que, como é óbvio, tivemos de adaptarmo-nos para o exercício eficaz da docência universitária e do ensino de Sociologia na rede estadual de educação da mais importante unidade da federação brasileira: o Estado de São Paulo, onde vivemos há 24 anos. A finalizar, nossos agradecimentos à direção e administração do "Portugal Em Linha" pela oportunidade que nos proporcionou de darmos publicidade a escritos de carácter histórico, de certo modo inéditos, os quais se não fosse esse generoso acolhimento, jámais a teriam e assim se perderiam algum dia num lixão, neste recanto, ora infelizmente pouco tranqüilo, do portentoso Vale do Paraíba, no eixo São Paulo-Rio de Janeiro. CARLOS MÁRIO ALEXANDRINO DA SILVA (1) «DER EINTRIT DER SÜDLICHEN HEMISPHÄRE IN DIE EUROPÄISCHE GESCHICHTE", HAMANN, Gunther, Kommissionsverlag der Osterreichischen Akademie der Wissenschaften. (2) ECMNÉSIA:" a incapacidade da memória de reter um certo período, ficando porém, intacta, ou até mais viva, para outros períodos.Retorno imaginativo a um tempo idealizado quase sempre do início da vida." Não se encontra definido na maior parte dos dicionários em uso. AUTÓPSIA À HISTÓRIA DA DESCOLONIZAÇÃO PORTUGUESA Crónicas EM SONDAGEM DE OPINIÃO PUBLICA REALIZADA EM PORTUGAL PELA: TV SIC - CATÓLICA - SALAZAR.... O PLANO CAETANISTA PARA A DECLARAÇÃO UNILATERAL DE INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA E MOÇAMBIQUE... 15 de Agosto de 1648 - SÃO PAULO D´ASSUMPÇÃO DE LOANDA FOI LIBERTADA POR TROPAS BRASILEIRAS QUANDO O CONGO ERA UM REINO - PARTE I . PARTE II . PARTE III . PARTE IV O QUE A HISTÓRIA DE PORTUGAL NÃO CONTA: ESCRAVOS EM PORTUGAL - PARTE I . PARTE II . PARTE III . PARTE IV REINO DE ANGOLA : 25º ANIVERSÁRIO DA RESTAURAÇÃO DE SUA "INDEPENDÊNCIA" CABINDA NÃO É ANGOLA - PARTE I . PARTE II . PARTE III . PARTE IV. PARTE V . PARTE VI FUA - FRENTE DE UNIDADE ANGOLANA: OPORTUNIDADE PERDIDA POR PORTUGAL - PARTE I . PARTE II . PARTE III . PARTE IV. PARTE V SALAZAR E A INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA - UMA REVELAÇÃO INÉDITA PENSANDO BEM, MUGABE EM PARTE TEM RAZÃO O DESPERTAR DO CONTINENTE ESQUECIDO... O BRASIL DE PORTUGAL... |
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