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Carlos Mário Alexandrino da Silva

Carlos Mário Alexandrino da Silva Carlos Mário Alexandrino da Silva; natural de Luanda onde nasceu a 30 de Julho de 1925, filho de goês e de minhota; pai era coronel-médico onde fez toda a sua carreira desde capitão e onde se acha sepultado, figura muito conhecida, mestre da Maçonaria - Grande Oriente Lusitano Unido - e dilecto colaborador do antigo Alto Comissário General Norton de Mattos, foi sempre da esquerda e grande amigo e companheiro de luta democrática do velho Corrêa de Freitas fundador e director do jornal "A Província de Angola", destacando-se por suas pesquisas científicas e representação de Angola em Congressos Internacionais de Medicina Tropical; com Alberto Marques Mano Lemos de Mesquita e Fernando Santos e Castro foi fundador nos idos da década de 40 da Casa dos Estudantes de Angola, na Avenida Praia da Vitória, em Lisboa, e mais tarde, como evolução daquela que chamou a si estudantes de outras colônias passando a subdividir-se em secções e transferindo sua matriz para um edifício na Avenida Duque D´Avila, frente à recolha da Carris, da famosa casa dos Estudantes do Império que seria desactivada pela PIDE em fins da década de 50. Desde adolescente dedicou-se sempre a actividades desportivas e jornalísticas, foi colaborador directo de Etelvina Lopes de Almeida numa revista infantil por ela dirigida e pertencente à Renascença, do Diário Popular, do Diário do Norte, Notícias de Famalicão, da Revista do Ar (foi campeão nacional de Aeromodelismo com 13 anos de idade, piloto aviador civil do ACP e mais tarde director e instrutor do 1ºcurso de instrutores de Aeromodelismo do Secretariado da Aeronáutica Civil , tendo sido por isso louvado oficialmente em ordem de serviço pelo Director Geral, o então Coronel Tirocinado Piloto Aviador do CEM Humberto Delgado, de quem se tornou amigo), do Jornal do Ar, de O Volante e de outras publicações nacionais e estrangeiras de que viriam a destacar-se mais tarde a cadeia Argus, La Depêche de l'Air, de Lausana, A Província de Angola, Diário de Luanda, Notícias da Huila, Voz do Namibe, revista brasileira MANCHETE, JORNAL DO BRASIL, LUSO-AMERICANO de Newark-USA e o semanário católico A LUTA, da colônia portuguesa de Nova-Iorque, dirigido pelo Cónego Joseph Cacella, Notícias de Macau, O CLARIM da Diocese de Macau, Sunday Times e outros, tornando-se ainda conhecido comentarista político da Emissora Nacional de Radiodifusão, Emissora Oficial de Angola e outras radidifusoras. A seu respeito em 1968 a conhecida ENCICLOPÉDIA BLOCH publicou, a propósito de Angola, uma desenvolvida referência em reportagem do jornalista Fernando Câmara Cascudo. Ao tempo em que o grande jornalista Mário Rosa era Chefe da Redacção do importante vespertino Diário Popular, semanalmente publicava uma página da sua autoria -PÁGINA DE AVIAÇÃO - e anos mais tarde no mesmo vespertino, na Página do Ultramar publicou vários artigos sobre Macau e outras colônias. Tendo servido em Lisboa no Regimento de Infantaria Nº 1, em 1951 foi em comissão militar para Moçambique a fim de enquadrar tropas africanas que depois iriam, numa época conturbada no Extremo-Oriente, reforçar a guarnição militar de Macau, onde em Julho de 1952 participou com o batalhão a que pertencia, nos mais graves incidentes ali registados entre Portugal e a China Vermelha, uma guerra de seis dias que foi noticiada na imprensa como... "incidente de fronteira" mas de que resultou a morte do soldado moçambicano Jacinto Mundau e de numerosos chineses; permaneceu em Macau até Maio de 1959, altura em que, devido ao seu relacionamento com uma refugiada de origem russa que iria ter dele um filho meses depois (que somente lhe foi dado conhecer ao atingir 70 anos de idade, em 1995 , devido a perseguições sem justificativa para punição mas que antidemocrática e discriminatoriamente o prejudicaram pois, além de contar já 5 louvores em sua folha de serviços destacando suas excepcionais qualidades como oficial e comandante de companhia, já havia adquirido o direito ao ingresso no quadro permanente do QSME, o que, com excepção do seu comandante militar Brigadeiro Carlos Alves Roçadas que antes de sua morte o defendeu por escrito, foi ignorado pelos seus superiores, um dos quais seria mais tarde uma das mais gradas figuras da JSN...), foi obrigado a regressar a Portugal passando aos 35 anos de idade à triste situação de desempregado, civil, numa cidade onde não conhecia ninguém pois dela saíra há mais de uma dezena de anos. Muito bem classificado num concurso para o quadro do funcionalismo, foi nomeado em fins de 1959 para o quadro do Gabinete de Negócios Políticos do Ministério do Ultramar onde rapidamente seus conhecimentos coloniais e sua experiência e cultura ultramarina lhe granjearam justo reconhecimento e duas promoções. Concomitantemente foi reconstruindo a sua vida, voltara à Universidade e formou-se com boa classificação no Curso Superior de ADMINISTRAÇÃO ULTRAMARINA, após o que fez pós-graduação licenciando-se com elevada classificação em Ciências Sociais e Políticas do ICSP da Universidade Técnica de Lisboa.Em 1964, a convite do Governo Geral de Angola foi nomeado, após uma viagem de estudos e de serviço do MU a Angola, a qual lhe rendeu elogios e destacadas referências de superiores, retornando a Luanda, sua terra natal, como Chefe de Serviços (Chefe do Gabinete Político), em comissão de serviço, dos Serviços de Centralização e Coordenação de Informações de Angola, cargo que exerceu durante mais de um ano tendo sido louvado à saída, para, por escolha do MU ir ocupar o cargo de chefe dos serviços de imprensa, radiodifusão e televisão. Paralelamente, foi convidado para ser executivo do Conselho de Orientação da Acção Psicológica destacando-se pela eficiência do seu trabalho ao longo de 10 anos de luta na radiodifusão e na imprensa escrita nacional e internacional, que lhe valeram rasgados elogios do comandante-chefe das FAA General Almeida Viana (que não foi saneado pela JSSN...) e de outras entidades como, por exemplo, o mais tarde (depois de 25 ABR 74) Director-Geral do SISN General Renato Marques Pinto, entre outros. Condenado à morte várias vezes em emissões da Radio Voz da Revolução Angolana, tanto pelo MPLA como pela FNLA (que mais tarde em 74 o convidaria para ingressar nas suas fileiras quando ficou sózinho e abandonado no seu gabinete da Inspecção Provincial do IAA à mercê dos esbirros de Lúcio Lara, do MPLA, que o perseguiam..), nunca se intimidou nem se ocultou sob pseudônimos e continuou seus comentários políticos de contra-propaganda como técnico eficiente que sempre se revelou na APSIC e em outras actividades como cooperativismo agrário, etc. Devem-se-lhe as cooperativas de pequenos agricultores de algodão que libertaram os agricultores negros da exploração de firmas como LAGOS & IRMÃO, COTONANG e ALGODOEIRA AGRÍCOLA DE ANGOLA como em Julho de 74 foi publicamente reconhecido em destacada reportagem do conhecido semanário luandense NOTÍCIA então dirigido por João Fernandes. Director do Centro de Estudos Políticos e Sociais da UN/ANP (das quais, por espantoso que isso possa parecer, jamais foi filiado mas sim, a "convite" imposto pelos altos governantes, vogal da comissão de provícia tal como o engº Humbertoi Bessa Victor, mais tarde Director-geral da Aeronáutica Civil da Administração da República... Popular de Angola), muitos angolanos negros foram salvos da PIDE ou reabilitados por sua intervenção quando era Deputado (Vogal eleito) à ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE ANGOLA. Foi durante 10 anos presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Luandenses - CRUZ VERDE, implantando um sistema móvel de assistência às populações dos musseques e dos meios rurais tão eficiente que era por todos enaltecido e superou a dos próprios serviçosa de saúde oficiais. Sua acção como jornalista, como político e como servidor público foi objecto de inúmeras referências públicas e em 1969, a convite dos governos da República Federal da Alemanha e da República da Áustria permaneceu naqueles países por cerca de um mês em visita oficial, tendo sido igualmente convidado pelos Bloch para visitar o Brasil e bem assim pela sua amiga e admiradora Condessa de Pereira Carneiro, directora-presidente do Jornal do Brasil. Nomeado em 1972 Inspector Provincial do Instituto do Algodão de Angola, onde como chefe de serviços vinha prestando serviço desde 1968, uma vez que em 8 de Dezembro de 1965 fôra demitido pelo ministro das colônias Silva Cunha das suas funções de chefe dos serviços de Informação Pública por haver sido acusado de ter feito críticas à Alta Administração, ficando proibido de exercer funções directivas em qualquer órganismo ligado a informação, ficando com a PIDE no seu encalço. Por esse motivo pediu licença ilimitada, para não ter de deixar Angola, e foi por isso que, a convite do então presidente da Câmara Municipal de Luanda e vice-presidente da UN (ANP mais tarde e que já o convidara para seu vogal da comissão provincial a indicação superior...) ficou a ganhar uma gratificação única de 10 mil escudos como Director do recém-formado CEPS que na verdade era o órgão executivo do COAPSIC do CCFAA/GGA. Na Emissora Oficial, ao contrário do que muitos supunham tinha um caché de 400 escudos por cada comentário político, periódico, e os demais escritos publicados ou difundidos pelas emissoras e jornais eram distribuidos pelos CEPS não ganhando ele nada por isso...) Em 1968 foi convidado a retornar ao serviço público, cessando sua licença ilimitada, na condição de ir para um organismo de coordenação econômica e no caso foi para o IAA onde faria carreira e onde, pela primeira vez, por sua mão saíu o primeiro relatório anual das actividades algodoeiras de Angola com dados estatísticos, etc, etc.. O 25 de Abril não o colheu de surpresa pois de há muito sabia das reuniões que os oficiais capitães estavam realizando também num determinado hotel de Luanda... Tempos antes havia sido eleito para vogal da Comissâo Política da Liga dos Antigos Graduados da Mocidade Portuguesa, em Lisboa, função de que se recusou a tomar posse quer por achar incoerente a política colonial de Lisboa e encontrar em Angola muita corrupção na AP e na ANP... quer porque o vice-presidente de tal entidade era o major Alves Cardoso, valido do ex-ministro das colônias Silva Cunha por causa de quem fôra demitido. Por isso, ao publicarem em 8 FEV.75 uma lista de 140 personalidades do ancien regime privadas de direitos políticos, na qual figurava o seu nome como dirigente da LAG, obteve do presidente nacional desta instituição Luís d´Avillez, um documento em que o mesmo declarava que o atingido jamais desempenhara ou aceitara funções directivas na LAG. Também anos antes, o ex-ministro Silva Cunha o destituira das funções de Presidente da Associação dos Antigos Alunos do ISCSP/UTL para as quais foram eleito por 90% de uma numerosa assembléia de colegas, porque numa confraternização dos mesmos fizera um discurso em que acusara o curriculum do curso do ISCSP de condená-los a todos a situações dificeis no mercado de trabalho ( e isso veio a constatar-se válido na Diáspora, mais tarde...) tanto no país como no exterior, caso um dia viesse, como já era previsivel a ter lugar a descolonização... Embarcou para Portugal em 20 de Janeiro de 1975, acompanhado da família, em licença graciosa, a primeira da sua longa carreira de 28 anos e meses de serviço público como militar e como civil. Meses depois, em Junho, o MCIT , Almeida Santos, ordenou seu regresso a Luanda para reocupar o cargo de Inspector Provincial, a requisição do Governo Provisório de Angola, mas avisado de que iria ser seqüestrado e logo de seguida assasinado, a mando de Lúcio Lara e seus apaniguados, por esbirros da mais tarde DISA do MPLA mal chegasse ao aeroporto da capital angolana, foi ao ministério da CIT expor sua situação; porém, ali o ministro Almeida Santos, a quem conhecera anos antes em Luanda, não o recebeu. Insistiram ali pelo seu embarque no avião dos TAP da manhã seguinte à recepção do telegrama que lhe ordenara a aprsentação na repartição de Pessoal daquele departamento. Era Mário Soares então o primeiro-ministro e por sua ordem estavam sendo desligados pela Junta Médica do então Hospital do Ultramar e aposentados numerosos servidores públicos coloniais. Requereu, sem real vontade de o fazer porque ainda lhe faltava quase 6 anos para ter direito a reforma completa, para ser presente à JS e foi julgado incapaz para o serviço público. Tão pequena era a sua pensão que seu agregado familiar tinha a subsistência comprometida e ainda por cima ao abrigo de uma obsoleta lei de inquilinato um apartamento de habitação social, modesto, que adquirira na Amadora através do Cofre de Previdência do Min. Finanças estava ocupado por um casal que nem contrato tinha e se recusava a saír (situação que se mantém pagando eles por 3 quartos e duas salas numa area central da cidade, 1.500 escudos mensais desde há mais de 25 anos). Única solução: separação da família, diáspora, Brasil. Para aqui veio o Carlos Mário Alexandrino da Silva, sem dinheiro, sem família e sem emprego...O seu curso do ISCSP e o de Jornalismo do SNJ de pouco lhe valeram no início. Com os conhecimentos adquiridos no Exército como oficial de transportes que também foi, começou como gerente-geral de uma empresa brasileira de transportes de cargas pereciveis quase falida e que conseguiu soerguer em dois anos, depois gerente-geral de uma firma de consultoria advocatícia e econômica na Avenida Paulista e ao fixar residência em 1980 na cidade vale-paraíbana Lorena, no eixo São Paulo-Rio de Janeiro, tendo já feito pós-graduação lato sensu e pós-graduação stricto sensu em Metodologia do Ensino Superior, ingressou como professor na Universidade Salesiana, nas Faculdades Integradas de Economia. Administração de Empresas e Ciências Contábeis de Guiaratinguetá, Estado de São Paulo, no Instituto Santa Teresa, nos cursos de Inglês das Escolas FISK e na rede estadual de Educação do Governo de São Paulo, das quais se desligou por ter atingido o limite de idade, em 1975 ao completar 70 anos. Meses antes, dentre numerosos candidatos de várias universidades e países da América Latina, fôra selecionado para integrar uma turma de 20 escolhidos, após prestação de provas, para frequentarem um curso de pós-graduação em Ensino Superior de Geociências do IG da Universidade Estadual de Campinas-SP, a mais famosa do Brasil, e entrementes na UNISAL, os corpos de alunos e de professores e o conselho departamental apresentaram à Reitoria uma proposta, aprovada por unanimidade, para ser-lhe atribuida a dignidade honorífica de professor emérito, jámais atribuida a qualquer outro docente daquele renomado estabelecimento de ensino superior, catôlico, apesar de ele se proclamar, como o fazia seu progenitor, convictamente ateu. Hoje, incapaz de se manter sem actividade, dedica-se a computação como hobby e a cursar hardware... planejando escrever uma autópsia ao passado colonial e à descolonização do que considera ter sido o ante-penúltimo império colonial - o de Portugal - já que considera a URSS, cuja derrocada vaticinara com muita antecedência, como o penúltimo e os USA (com Haiti, Alasca,Porto Rico, Texas, e ex-possessões coloniais francesas cedidas por Napoleão...) como o último...

Interessados em contactos com Carlos Mário Alexandrino da Silva podem fazê-lo via:
carsilva@iconet.com.br



Leia aqui as Crónicas de Carlos Mário Alexandrino da Silva

Ensaios do mesmo autor:
O ALFABETO DE DEUS... E OS MENSAGEIROS DO ALÉM



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